A problemática da
liberdade é um tema que ultrapassa a historia da filosofia, sendo a
discussão entre liberdade e determinação, necessidade e
contingência, um tema de reflexão que ainda hoje deve ser feita,
sendo assim muitos filósofos ao longo da tradição filosófica se
preocuparam com a questão do livre-arbítrio, ora em defesa dela,
ora contra sua existência assim como Baruch Espinosa .
O presente trabalho tem
como problema central a questão da vontade ou liberdade ou ainda,
podemos dizer o problema do livre-arbítrio, na filosofia de Baruch
Espinosa, filosofo racionalista e determinista, que faz criticas a
vontade do homem, que se revela segundo ele como uma falsa noção do
que seria o livre-arbítrio.
Em sua Ética, Espinosa
vai abordar o problema da liberdade a partir da determinação e da
noção de Deus, que segundo o filosofo está em todos os lugares,
sendo um deus presente e necessário que age na natureza e se
apresenta como ela através de leis necessárias que regem a
natureza. Sendo assim sua filosofia não abre caminho para a
contingência já que para entender acão de Deus, se parte do
principio de causalidade onde, para tudo existe uma causa necessária
que encontra sua explicação na própria natureza e não em um Deus
ou força transcendente, assim como nos fala GLEIZER 2005.
A
identificação entre Deus e a Natureza, assinalada na citação
doTratado e
demonstrada na primeira parte da Ética,
por si só já indica claramente que o Deus de Espinosa em nada se
confunde com o Deus transcendente, pessoal e criador da tradição
judaico-cristã. Seu Deus é imanente à Natureza, e o conhecimento
de nossa união com ele nada mais é do que o conhecimento
intelectual de nós mesmos como partes da Natureza, partes
integralmente submetidas, como todas as outras, às leis causais
necessárias que regem o comportamento das coisas naturais. Neste
espaço teórico dominado pelas ideias de imanência e necessidade, a
exigência racionalista de inteligibilidade integral do real será
colocada a serviço da intuição fundamental da unidade da Natureza
e levada às últimas conseqüências.
(GLEIZER
2005)
Para Espinosa, o homem
esta submisso as leis de causalidade ou necessidade presentes na
natureza, sendo assim ele é afetado por essa força natural que
retira dele sua liberdade. Para Espinosa a falsa noção da vontade
que o homem experimenta, esta associada ao conatus (esforço) para
se manter e resistir a mudança necessária e natural do ser, sem
perceber que seu conatus, ou seja sua vontade de preservar-se e
escolher, é parte integrada e indissociável de sua essência atual,
ou seja o homem não pode ser livre por maior que seja seu conatus,
pios sua vontade de preservar-se não o pertence mas é algo
necessário a sua essência atual.
A falsa noção do
livre-arbítrio provem do fato de que o homem é um ser ignorante com
relação as causas pelas quais suas ações são consideradas
necessárias e não livres, portanto, segundo Espinosa, o homem é
afectado por suas causas necessárias e por não ter consciência de
sua afecção se julga livre atribui a si mesmo a escolha de suas
ações.
Se
a pedra lançada tivesse consciência do seu movimento, e da sua
tendência a perseverar no movimento, julgar-se-ia livre, na medida
em que ignoraria o impulso que produziu o seu movimento, que
determinou de uma certa maneira a sua faculdade de estar em movimento
ou em repouso. Do mesmo modo, aquele que na cólera, na embriaguez ou
em sonho, crê agir livremente, é porque ignora as forças que o
impelem contra a sua vontade.
(MOREAU, 1982)
Sendo assim, torna-se
evidente a critica de Espinosa ao livre-arbítrio e a falsa noção
de liberdade da qual o homem se julga portador, sem se dar conta de
que ele – o homem - é um ser determinado que esta sujeito as
afecções da noção de causalidade naturais que se apresentam como
Deus, a presenteando uma nova noção de liberdade embasada no
determinismo panteísta e causalista de sua teoria apresentando
criticas a teoria fatalista sobre a liberdade.
REFERENCIA:
MOREAU,
Joseph. Espinosa
e o espinosismo.
Tradução de Lurdes Jacob e Jorge Ramalho. Lisboa: Edições 70,
1982.
GLEIZER,
Marcos André. Espinosa
& a afetividade humana.
Rio de janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.
SPINOZA,
Benedictus de. Ética.
Tradução de Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.
Nenhum comentário:
Postar um comentário