sexta-feira, 8 de março de 2013

O livre - Arbitrio

A problemática da liberdade é um tema que ultrapassa a historia da filosofia, sendo a discussão entre liberdade e determinação, necessidade e contingência, um tema de reflexão que ainda hoje deve ser feita, sendo assim muitos filósofos ao longo da tradição filosófica se preocuparam com a questão do livre-arbítrio, ora em defesa dela, ora contra sua existência assim como Baruch Espinosa .
O presente trabalho tem como problema central a questão da vontade ou liberdade ou ainda, podemos dizer o problema do livre-arbítrio, na filosofia de Baruch Espinosa, filosofo racionalista e determinista, que faz criticas a vontade do homem, que se revela segundo ele como uma falsa noção do que seria o livre-arbítrio.
Em sua Ética, Espinosa vai abordar o problema da liberdade a partir da determinação e da noção de Deus, que segundo o filosofo está em todos os lugares, sendo um deus presente e necessário que age na natureza e se apresenta como ela através de leis necessárias que regem a natureza. Sendo assim sua filosofia não abre caminho para a contingência já que para entender acão de Deus, se parte do principio de causalidade onde, para tudo existe uma causa necessária que encontra sua explicação na própria natureza e não em um Deus ou força transcendente, assim como nos fala GLEIZER 2005.
A identificação entre Deus e a Natureza, assinalada na citação doTratado e demonstrada na primeira parte da Ética, por si só já indica claramente que o Deus de Espinosa em nada se confunde com o Deus transcendente, pessoal e criador da tradição judaico-cristã. Seu Deus é imanente à Natureza, e o conhecimento de nossa união com ele nada mais é do que o conhecimento intelectual de nós mesmos como partes da Natureza, partes integralmente submetidas, como todas as outras, às leis causais necessárias que regem o comportamento das coisas naturais. Neste espaço teórico dominado pelas ideias de imanência e necessidade, a exigência racionalista de inteligibilidade integral do real será colocada a serviço da intuição fundamental da unidade da Natureza e levada às últimas conseqüências.  (GLEIZER 2005)
Para Espinosa, o homem esta submisso as leis de causalidade ou necessidade presentes na natureza, sendo assim ele é afetado por essa força natural que retira dele sua liberdade. Para Espinosa a falsa noção da vontade que o homem experimenta, esta associada ao conatus (esforço) para se manter e resistir a mudança necessária e natural do ser, sem perceber que seu conatus, ou seja sua vontade de preservar-se e escolher, é parte integrada e indissociável de sua essência atual, ou seja o homem não pode ser livre por maior que seja seu conatus, pios sua vontade de preservar-se não o pertence mas é algo necessário a sua essência atual.
A falsa noção do livre-arbítrio provem do fato de que o homem é um ser ignorante com relação as causas pelas quais suas ações são consideradas necessárias e não livres, portanto, segundo Espinosa, o homem é afectado por suas causas necessárias e por não ter consciência de sua afecção se julga livre atribui a si mesmo a escolha de suas ações.
Se a pedra lançada tivesse consciência do seu movimento, e da sua tendência a perseverar no movimento, julgar-se-ia livre, na medida em que ignoraria o impulso que produziu o seu movimento, que determinou de uma certa maneira a sua faculdade de estar em movimento ou em repouso. Do mesmo modo, aquele que na cólera, na embriaguez ou em sonho, crê agir livremente, é porque ignora as forças que o impelem contra a sua vontade.  (MOREAU, 1982)
Sendo assim, torna-se evidente a critica de Espinosa ao livre-arbítrio e a falsa noção de liberdade da qual o homem se julga portador, sem se dar conta de que ele – o homem - é um ser determinado que esta sujeito as afecções da noção de causalidade naturais que se apresentam como Deus, a presenteando uma nova noção de liberdade embasada no determinismo panteísta e causalista de sua teoria apresentando criticas a teoria fatalista sobre a liberdade.




REFERENCIA:
MOREAU, Joseph. Espinosa e o espinosismo. Tradução de Lurdes Jacob e Jorge Ramalho. Lisboa: Edições 70, 1982.
GLEIZER, Marcos André. Espinosa & a afetividade humana. Rio de janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.
SPINOZA, Benedictus de. Ética. Tradução de Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

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